terça-feira, 10 de setembro de 2013

A FELICIDADE


O que é a felicidade? Vários já tentaram defini-la no decorrer da história. Ela é algo que quando se alcança, perdura pra sempre? Ou é algo passageiro, um momento que se acaba?

Alguns dizem que tudo visa a um bem, e o bem maior é a felicidade. Assim, o que devemos buscar é a felicidade.

Não concordo com isso. Nenhum bem vai valer a pena nossa busca. Nenhum bem vai resolver nosso problema fundamental, nossa carência, nossa falta.

Ao buscarmos a felicidade, acabamos colecionando momentos efêmeros, que se vão, e que, ao irem, deixam uma sensação maior ainda de falta. De falta do que já se teve e não tem mais, e de falta do que ainda não se teve. Buscar um bem nos faz sermos escravos deles, viver em busca de bens, que são infinitos.

A felicidade é um bem inalcançável, porque enquanto queremos ter algo, esse algo nos falta. Enquanto nos falta, não é possível ter. Se, por acaso conseguirmos “ter” esse bem, ainda existe a falta, pois não somos esse bem. Ele é diferente de nós, não faz parte de nós.

Devemos buscar o que nos falta. O que suprirá nossa carência. O que suprirá nossa carência é a completude, não a felicidade. Enquanto formos incompletos, sofreremos com a falta. Seremos carentes. 

Buscar a felicidade é uma ilusão. É tentar tampar o sol com uma peneira.

Não devemos querer “ter”. Devemos querer “ser”. Enquanto nos sentirmos separados do resto, sofreremos. Enquanto quisermos ter mais e mais coisas, sejam materiais, sejam ideais, sofreremos.
Simplesmente porque o sofrimento não se deve ao fato de não ter. Deve-se ao fato de se sentir incompleto. Enquanto nos sentirmos incompletos, sofreremos, pois sempre haverá a sensação de falta, de incompletude.

Quando se percebe completo, não há nada que se possa querer, porque você faz parte de tudo.

A vida não é feita só de momentos felizes. Existe a tristeza também, até porque sem a tristeza, não existiria a felicidade. Felicidade e tristeza são dois parâmetros da mesma realidade, que, em nossa forma de ver a coisa, é dual.

Se sentirmos só a tristeza, só sentiremos parte da realidade. Estaremos incompletos. Se sentirmos apenas a felicidade, acontecerá o mesmo. Assim, a completude só será alcançada sentindo a tristeza e a felicidade, que na verdade não são “bens”, mas são formas de chamar dois aspectos da mesma realidade. Duas formas da mesma realidade. Na realidade, ao estarmos vivendo sendo completos, não sentimos nem tristeza, nem felicidade. Simplesmente sentimos. Sentimos a “completude”. E isso nos completa.

Não podemos “ter” felicidade. Podemos ser “completos”. Ser completos experimentando todos os lados da mesma realidade. Sendo tudo. E ser, como vimos antes, é agir. É agindo que experimentamos, que interagimos, que vivenciamos, que nos tornamos completos. É vivendo apto para experimentar todos os lados da realidade, vivendo aberto para entender que tudo não passa de formas de procurar entender algo que é único, indistinto, e inexplicável, é que se alcança a completude, essa sim, que nos tomará o sofrimento. Ao aniquilarmos com o desejo de termos felicidade, aniquilamos com o medo de termos tristeza.

Medo e desejo são também dois lados da mesma moeda. Enquanto houver um, sempre haverá o outro.

Vivamos sempre na ativa!

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