quinta-feira, 5 de setembro de 2013

ESTÍMULOS E RESPOSTAS


Interagimos com o mundo, disse eu. Mas o que é o mundo? 

O mundo, em nossa visão humana moderna, é o que não sou eu. É “o resto”.
A primeira coisa que precisamos para que exista um “ser” é um “não ser”. Para que uma coisa seja uma caneta, ela precisa não ser todas as outras coisas que não são canetas. É por exclusão que se identifica algo. Assim, para nos percebermos “entes”, para sermos “conscientes” de que existimos, e que somos algo, ou alguém, precisamos nos diferenciar do resto, por exclusão. Eu sou eu até aqui. Daqui pra frente não sou mais eu. Daqui em diante é o resto que não sou eu, ou seja, o mundo. Eu sou Edson, então não sou o André, nem o Guilherme, nem a Marina, nem a Maria, nem o José, nem ninguém mais...

Então, apesar de ser eu e o “resto”, nós vivemos no “resto” também, e se for parar pra perceber mesmo, fazemos parte desse resto, vez que, sem ele, não existimos. Ele faz parte de nós. O mundo não existe sem nós, e nós não existimos sem o mundo. E nós vivemos por sermos uma constante ação. Enquanto agimos, estamos vivos. Quando pararmos de agir, estaremos mortos. Agir, nada mais é do que trocar estímulos e respostas com o “resto”, ou com o mundo, ou com o “meio” em que vivemos.

Assim, sem querer levantar polêmica, que não ajudaria no sentido que me proponho, posso dizer que, para o mundo da práxis, viver é agir. Viver é trocar estímulos e respostas a esses estímulos. Isso é a vida.

O caráter é isso. É como uma pessoa tende a trocar estímulos com o meio. Digo “tende”, porque ao trocar estímulos, ele age, e nesse agir, continua recebendo informações, continua criando verdades.  E tais verdades podem inclusive modificar as já adquiridas.

Então, com o processo de troca de estímulos, apesar de termos “tendências” cristalizadas em determinados “padrões”, sempre estamos recebendo novas informações, e por isso, sempre estamos aptos a mudar tais padrões. A mudar nossas verdades, nossas crenças, nossas repetições, nossas ações. A partir de uma ação diferente do padrão, podemos iniciar um novo ciclo de repetições, com novos hábitos, novas crenças, novas verdades, novos padrões e novo caráter. Podemos começar a mudar a nossa “essência” a qualquer minuto, ao contrário do que os “doutos ontológicos” possam pensar.

Vemos então o papel que os estímulos e as respostas representam em nossa vida, em nosso caráter, em nosso agir, na nossa tomada de decisão. No nosso responder frenético à angustiante pergunta: “O que fazer?”

Eles são o ponto chave para o início de uma vida consciente, onde se é o que quer ser. Onde não somos apenas marionetes ao sabor de nossa “essência vilã”, ou dos “caprichosos astros”.

Existem tendências, padrões. Mas existem também a cada instante novas possibilidades de mudá-los.

Como parece que disse Heráclito, Um homem nunca toma banho duas vezes no mesmo rio. Nunca mais será aquele rio, e nunca mais será aquele homem.

Sempre na ativa.

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